Brasil no Global AI Index 2024: Como Subir no Ranking e Potencializar o Desenvolvimento de IA
- Thiago Ferraz
- 22 de out. de 2024
- 4 min de leitura
O Brasil alcançou a 30ª posição no Global AI Index 2024, uma classificação que mede o nível de implementação, inovação e investimento em inteligência artificial em 83 países. Embora estejamos entre as nações que têm se destacado no cenário da IA, ainda há muito a ser feito para que possamos competir com os líderes globais, como Estados Unidos, China e Singapura.
O que é o Global AI Index?
O Global AI Index, produzido pela Tortoise Media, é o primeiro ranking global que avalia a capacidade de países em IA com base em três pilares principais: Implementação, Inovação e Investimento. Cada pilar é medido por indicadores que analisam fatores como infraestrutura tecnológica, talentos especializados, pesquisa científica, ambiente regulatório e estratégia governamental.
Os Estados Unidos lideram o índice, impulsionados por sua robusta infraestrutura de IA e pelo volume maciço de investimentos privados, especialmente no campo da IA generativa. China segue em segundo lugar, com uma forte combinação de inovação e investimento, enquanto Singapura mantém sua posição como um dos principais hubs de IA na Ásia.
O Brasil no Ranking
O Brasil, apesar de ser a maior economia da América Latina, ainda encontra dificuldades para se destacar no campo da inteligência artificial. Nossa 30ª posição reflete um potencial considerável, mas também evidencia lacunas importantes, principalmente em termos de infraestrutura e pesquisa.
Entre os pontos fortes do Brasil no ranking, destaca-se a estratégia governamental, que recebeu uma pontuação de 72.2, indicando o compromisso do país em promover a inteligência artificial em nível nacional. No entanto, em áreas como infraestrutura de IA (como capacidade de computação avançada e fabricação de semicondutores), ainda temos um grande espaço para melhorias.
Como o Brasil Pode Subir no Ranking?
Para que o Brasil avance no Global AI Index, precisamos enfrentar algumas barreiras estruturais e investir em áreas estratégicas. Abaixo, estão alguns dos principais fatores que podem ajudar o país a subir no ranking:
1. Desenvolvimento de Talentos
O talento é um dos maiores ativos de qualquer nação no campo da IA. Países como Israel e Índia têm uma força de trabalho altamente qualificada em IA, o que impulsiona sua capacidade de inovação. O Brasil, por sua vez, precisa continuar investindo na capacitação de profissionais de IA, desde a educação básica até a formação de especialistas. Além disso, é crucial criar incentivos para reter esses talentos no país, já que muitos acabam migrando para mercados mais desenvolvidos.
2. Infraestrutura de IA
A construção de uma infraestrutura tecnológica avançada é essencial para sustentar o crescimento da IA. Países no topo do ranking, como os EUA e China, possuem redes robustas de supercomputação e estão investindo pesadamente na produção de semicondutores, que são a espinha dorsal da tecnologia de IA. O Brasil precisa acelerar seus investimentos nessa área, criando centros de supercomputação e incentivando a fabricação local de componentes essenciais para a IA.
3. Ambiente Regulatório e Governança
Um ambiente regulatório favorável é essencial para que empresas e pesquisadores possam inovar sem obstáculos desnecessários. Além disso, a aceitação pública da IA é um fator crucial para sua implementação em larga escala. O Brasil pode aprender com países como o Reino Unido, que sediou a primeira cúpula global de segurança em IA e está na vanguarda da governança da tecnologia.
4. Apoio à Inovação e Pesquisa
A pesquisa acadêmica e industrial é o coração da inovação em IA. Na China, por exemplo, o governo tem apoiado massivamente a pesquisa em IA, o que resultou em um aumento significativo no número de patentes e na criação de novos modelos de IA. O Brasil precisa aumentar o financiamento para a pesquisa em IA, tanto no setor público quanto privado, além de criar parcerias entre universidades e empresas de tecnologia.
5. Fomento ao Ecossistema Comercial
Países que lideram o índice, como Singapura e Israel, também têm um ecossistema comercial vibrante, com startups e grandes empresas que impulsionam a inovação em IA. O Brasil já possui um mercado de startups em crescimento, mas ainda precisa criar um ambiente mais propício para o surgimento de empresas focadas em IA, além de atrair mais investimentos privados.
Oportunidades à Frente
O avanço no ranking não é apenas uma questão de prestígio internacional, mas também uma oportunidade para o Brasil se posicionar como um player relevante em uma das tecnologias mais transformadoras do século XXI. A inteligência artificial tem o potencial de impactar setores como saúde, educação, segurança pública e agronegócio, áreas nas quais o Brasil pode se destacar ao aplicar IA de forma estratégica.
Além disso, com a evolução das IA generativas, que vêm ganhando destaque nos últimos dois anos, o Brasil tem a chance de ser um dos pioneiros na implementação dessas tecnologias em escala. A chave está em alinhar políticas públicas, investimentos e inovação para que o país possa não apenas acompanhar, mas liderar em alguns segmentos.
O que nos separa do topo não é falta de capacidade, mas sim a execução de uma estratégia consistente e de longo prazo. Estamos no caminho certo, e com os investimentos adequados, o Brasil pode se tornar um dos líderes em IA no futuro próximo.
O Global AI Index 2024 mostra que o Brasil já está na corrida global de inteligência artificial, mas para escalar posições, será necessário um esforço conjunto de governo, setor privado e academia. Investir em talento, infraestrutura, pesquisa e um ambiente regulatório favorável são os primeiros passos para que o Brasil possa competir de igual para igual com as maiores potências da IA no mundo.

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