Governança Tradicional: O Grande Impasse na Transformação Ágil
- Thiago Ferraz
- 15 de out. de 2024
- 2 min de leitura
A transformação ágil é um dos principais movimentos dentro do cenário corporativo atual. Organizações ao redor do mundo têm adotado metodologias ágeis para se tornarem mais rápidas, flexíveis e eficientes na entrega de valor. No entanto, a jornada para se tornar verdadeiramente ágil muitas vezes encontra obstáculos difíceis de superar, e um dos principais é a preservação de processos de governança e controle herdados do modelo tradicional.
Governança e Controle para o "Velho Jeito de Trabalhar"
Uma das grandes armadilhas na transição para o ágil é o fato de muitas empresas manterem processos de governança e controle desenhados para o antigo modelo de trabalho linear e preditivo. Em um ambiente ágil, onde mudanças são constantes e a adaptação é essencial, esses processos rígidos acabam freando a transformação, forçando as equipes a se ajustarem a estruturas que simplesmente não foram projetadas para suportar a flexibilidade que o ágil exige.
Um exemplo claro é a adoção tímida de práticas como o Lean Portfolio Management (LPM), um componente essencial para alinhar a estratégia empresarial com a execução ágil. Atualmente, menos de 20% das empresas estão comprometidas em implementar o LPM, o que demonstra uma falta de visão ou, talvez, uma resistência organizacional à mudança.
Foco em "Fazer Ágil" em Vez de Ser Ágil
Muitas organizações ainda tratam o ágil como um conjunto de processos ou práticas, onde a "forma" se sobrepõe à "essência". Esse fenômeno pode ser observado na insistência em "fazer ágil" — adotar cerimônias, sprints, quadros kanban — sem que haja uma verdadeira transformação cultural voltada à entrega de valor.
Esse comportamento resulta da incapacidade ou falta de vontade de identificar fluxos de valor em toda a organização. As empresas que não conseguem ou não querem redefinir seus modelos de entrega de valor, continuam operando em silos, com decisões descentralizadas que comprometem a eficiência da entrega ágil.
Superando os Anti-Patterns da Governança Tradicional
Para superar essa barreira, as organizações precisam repensar seus processos de governança e controle, abandonando práticas ultrapassadas que só funcionam em um ambiente estático e preditivo. Isso significa, em parte, adotar uma visão de fluxo de valor em toda a organização, o que possibilita a entrega contínua e adaptável.
Além disso, a adoção de frameworks ágeis em larga escala, como o SAFe (Scaled Agile Framework), pode ser uma maneira eficaz de alinhar governança, controle e agilidade, permitindo que as empresas ajustem suas estruturas para suportar um fluxo contínuo de valor. A chave é transformar a governança em um facilitador, e não um obstáculo, para a agilidade.
A transformação ágil não pode ser bem-sucedida se as organizações se limitarem a apenas implementar processos ágeis enquanto mantêm suas antigas formas de governança e controle. É fundamental que empresas façam uma revisão profunda de como estruturam seus fluxos de valor, desde a estratégia até a execução. Só assim será possível realmente colher os benefícios que o ágil tem a oferecer — flexibilidade, inovação e, acima de tudo, a entrega contínua de valor para o cliente.

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