A tempestade perfeita para as telecoms chegarem à maturidade digital
- Thiago Ferraz
- 13 de out. de 2024
- 3 min de leitura
A transformação digital tem sido amplamente discutida em todos os setores da economia, mas no setor de telecomunicações, esse movimento ainda enfrenta grandes desafios. De acordo com Leon Taiman, líder global de Práticas, Telecomunicações & Edge da Dell Technologies, o setor está "um pouco atrasado".
Em entrevista ao portal Tele.Síntese durante o Futurecom 2024, Taiman destacou que apenas 22% dos processos de transformação digital em telecomunicações alcançaram êxito, de acordo com um estudo do Boston Consulting Group.
Este dado é particularmente alarmante quando analisamos o impacto dessa transformação na valorização de mercado das empresas. Nos últimos quatro anos, o valor de mercado das principais operadoras de telecomunicações caiu em 46%, enquanto as gigantes de tecnologia, que lideram a transformação digital, viram seu valor aumentar em 51%.
O recado é claro: as empresas que apostam em tecnologias digitais conseguem aumentar sua receita, reduzir custos e, consequentemente, melhorar sua capitalização de mercado.
A "Tempestade Perfeita" para Acelerar a Transformação
Embora o cenário possa parecer desafiador, Taiman acredita que existe uma oportunidade única para que as empresas de telecomunicações acelerem sua transformação digital.
Ele se refere a essa oportunidade como uma "tempestade perfeita" impulsionada por três inovações tecnológicas que estão moldando o futuro do setor.
1. Inteligência Artificial (IA)
A IA tem o potencial de transformar radicalmente a forma como as telecoms operam, ajudando a reduzir custos operacionais ao automatizar processos e permitir uma melhor gestão de recursos. Além disso, a IA pode criar novas oportunidades de receita ao permitir o desenvolvimento de serviços inovadores baseados em análise preditiva e atendimento automatizado.
2. Internet das Coisas (IoT) no Edge
O crescimento exponencial de dispositivos IoT no ambiente corporativo gera uma demanda cada vez maior por conectividade de alta qualidade. Esses dispositivos precisam ser integrados a uma rede confiável que não apenas conecte os dispositivos entre si, mas que também transmita dados de maneira eficiente para os data centers, algo que somente as empresas de telecomunicações podem oferecer.
3. Cloud Computing
A adoção de uma infraestrutura em nuvem pode revolucionar o modelo operacional das telecoms, permitindo que as empresas passem de um modelo verticalizado para um modelo horizontal. Segundo Taiman, uma arquitetura de nuvem que integre IA e estenda suas funcionalidades até o edge será crucial para que as telecoms possam monetizar os serviços de IoT e IA de forma eficiente.
Pessoas e Processos: O Verdadeiro Desafio
Embora o avanço tecnológico seja fundamental, Taiman ressalta que o principal desafio das telecoms na jornada de transformação digital não está na tecnologia em si, mas nas pessoas e processos. Ele destaca que, enquanto as empresas investem em novas tecnologias, é essencial que se concentrem em capacitar suas equipes e adaptar os processos internos. Empresas que conseguem acelerar esse treinamento e adaptação terão uma vantagem competitiva ao serem capazes de lançar novos serviços digitais mais rapidamente e capturar oportunidades de mercado.
A Urgência da Transformação Digital
A mensagem de Leon Taiman é clara: as empresas de telecomunicações precisam adotar uma abordagem proativa em sua transformação digital. As que conseguirem se adaptar rapidamente a esse novo cenário, treinando suas equipes e ajustando seus processos, terão mais chances de aumentar suas receitas, reduzir custos operacionais e melhorar a qualidade dos serviços prestados.
Além disso, a transformação digital não apenas melhora a eficiência, mas também leva a uma maior valorização de mercado e fidelização de clientes, elementos essenciais para a sobrevivência em um ambiente cada vez mais competitivo.
A tempestade perfeita já está formada, e as telecoms que conseguirem navegar por ela com sucesso terão a oportunidade de não apenas se recuperar, mas de liderar a próxima era da conectividade.

Comentários